Transformação Digital: afinal de contas, o que é isso?

Salvador, 05/03/2021 – Na área de tecnologia, mais ainda em TI, é comum o aparecimento de neologismos ou buzzwords, alguns representativos apenas da moda da estação, enquanto outros, de fato, carregam um novo conceito ou uma nova estratégia, como é o caso do que se convencionou chamar de transformação digital.

A introdução da tecnologia digital em todas as áreas de negócio, fundamentalmente mudando a forma como a organização opera e entrega valor ao cliente, tendo como importante premissa uma mudança cultural interna que exige desafiar continuamente o status quo, abrir-se para experimentos e aceitar com naturalidade as falhas: isso é transformação digital.

Para compreender ainda melhor esse processo de profunda mudança é importante desconstruir mitos e visões limitadas, como a tentativa de associá-la apenas a grandes corporações e a startups, supostamente por se tratar de algo complexo e inatingível para todas as demais organizações; ou enxergar tão somente sua versão disruptiva, que faz surgir novos negócios e que, por sua vez, decretam a obsolescência e a morte daqueles que permaneceram com seus modelos analógicos.

Para as organizações tradicionais, privadas e públicas, a transformação digital está muito mais próxima de uma adaptação ou evolução iterativa do que de uma disrupção do modelo de negócio. Por isso mesmo, muitas organizações estão passando por essa mudança incremental dos seus processos, com a troca das bases analógicas (mesmo com algum grau de digitalização) por plataformas digitais, provando que a transformação step-by-step funciona melhor do que a abordagem do tudo ou nada que caracteriza as startups.

Se antes tudo isso já estava na agenda, com a pandemia da covid-19 a transformação digital tornou-se imperativa e ganhou ritmo muito mais acelerado, aumentando o desafio de ser bem compreendida. Porque não é apenas sobre tecnologia, mas também sobre gente e negócios, mediante um processo de aculturação que promova mudanças de atitude das pessoas para ganhar escala e sustentabilidade digital a longo prazo. Isso significa que a inovação baseada em plataformas digitais transcende as bases tecnológicas e precisa contagiar a cultura da organização.

A transição do analógico para o digital é uma jornada e não um destino, cujo foco na experiência do cliente eleva a relação da “fidelização” para o “engajamento”. Isso exige organizações mais flexíveis que devem passar a “responder” rapidamente a frequentes e imprevisíveis demandas, ao invés de tentar “prever” aquilo que se tornou essencialmente incerto e mutante.

Essa nova dinâmica afeta diretamente os modelos de negócios, que precisam ser permanentemente adaptados, quando não reinventados. E o que é um modelo de negócio senão um conjunto de processos visando a criação, entrega e captura de valor? É exatamente nesse ponto que na toolbox da transformação digital não pode faltar a disciplina do gerenciamento de processos de negócio (BPM) e, por via de consequência, uma plataforma da classe BPMS.

Nunca é demais reafirmar que organizações com estratégia e gestão orientadas a processos tendem a ser mais eficientes, ágeis e aptas a responder melhor às novas demandas. Quando uma gestão é guiada por processos, a organização já larga em uma posição de vantagem perante a concorrência, à medida em que a governança de processos permite que se tenha uma clara e completa visão end-to-end do negócio.

Por último, mas não menos relevante, é preciso ter em mente que não há receita pronta e pouco menos plataforma tecnológica que opere o milagre da transformação digital, sendo preciso considerar cada negócio, mercado e estágio da organização. O velho e bom benchmarking será de grande valia, sobretudo quando aliado a um fornecedor qualificado – que reúna visão de negócio e tecnologia – inclusive para ajudar no exame de modelos de negócios que exploram diferentes caminhos de aquisição, retenção e monetização típicos do cenário digital.

Por Jorge Santana, CEO da INFOX Tecnologia da Informação